sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Caracterização mineralógica

           De acordo com Vale Júnior (2000), nas condições climáticas da Amazônia, os solos, de modo geral, apresentam mineralogia típica de alterações monosialíticas, com predomínio de caulinita e oxi-hidróxidos de Fe/Al. Além das condições climáticas, o material de origem (sedimentos pré-intemperizados da Formação Boa Vista e produtos do intemperismo de rochas vulcânicas básicas da Formação Apoterí), têm marcante influência na mineralogia nos solos do Campus do Cauamé.
O mineral predominante na fração argila, de acordo com os resultados da difratometria de raios-X é a caulinita, mineral de argila 1:1 indicando relativo grau de intemperismo do LAdx e conseqüentemente pobreza química, resultando em baixa fertilidade (apêndice 1 e figura 8). Resultados semelhantes foram apresentados em outros trabalhos (EMBRAPA, 1982a; 1983; 1984; 1990a; 1990b; MELO, 2002; MELO et al., 2006). Dentre estes, destacamos o estudo realizado no Campus Experimental Monte Cristo (EMBRAPA, 1990b), pois, situa-se muito próximo ao Campus do Cauamé.
A presença da Goethita no horizonte diagnóstico está concordante com a coloração amarelada observada nesta classe de solo e com o grau de intemperismo, uma vez que este mineral é um hidróxido de ferro, característico de solos bastante intemperizados, e que, portanto, reforça a baixa fertilidade natural deste solo, já discutida na caracterização química e confirmada com o predomínio da caulinita na fração argila.

Como extrair Cálcio, magnésio e alumínio dos solos

              O Ca, Mg e Al trocáveis foram extraídos por solução de KCl 1 mol/L, de acordo com Embrapa (1997b). O Al trocável, titulando-se uma fração do extrato com NaOH 0,025 N, utilizando azul de bromotimol como indicador. O Ca+2 e Mg+2 foram determinados por espectrofotometria de absorção atômica (EAA).
Para a extração do Ca, Mg e Al, foram pesadas 5 gramas de TFSA em balança analítica. Adicionou-se 50 mL da solução extratora (KCl 1 mol/L. As amostras foram agitadas em agitador horizontal por 15 min a 300 rpm e filtradas com filtros apropriados (EMBRAPA, 1997b).
Na determinação do Ca, a leitura das amostras 40, 41 e 42 coletadas no perfil 10 (Vertissolo Hidromórfico), foi repetida com diluição de 10 vezes em tubos de ensaio, ou seja, 1 mL da amostra e 9 mL de lantânio a 0,1%. As demais amostras foram repetidas sem diluição. Para a determinação do Magnésio, foi repetida com diluição de 10 vezes, a leitura das amostras 40, 41, 42, 49 e 50, as duas últimas coletadas no perfil 12 (Neossolo Flúvico Vértico), as demais amostras, sem diluição.
Para a determinação do Al, foram pipetados 25 ml do extrato. Adicionou-se 3 gotas do indicador azul de bromotimol g.L-1 e procedida a titulação com solução de NaOH 0,025 Mol/L. A reação ou viragem se deu com uma leve mudança da cor amarela para a verde, a qual indica a acidez total da amostra (EMBRAPA, 1997b).

Coleta de solo

             Para a caracterização das propriedades físicas, morfológicas, químicas e mineralógicas, foram coletadas 58 amostras de solos dos horizontes devidamente descritos, segundo o manual de descrição e coleta de solo no campo (SANTOS et al., 2005). Durante esta etapa do estudo, todas as informações foram processadas em computador, possibilitando a execução dos trabalhos e classificação preliminar dos solos.
Uma vez coletadas as amostras no campo, as mesmas foram transportadas à casa de secagem de solos do Departamento de Solos e Engenharia Agrícola do Centro de Ciências Agrárias (CCA) da UFRR, onde foram destorroadas, secas ao ar e peneiradas em malha de 2 mm até a estabilização do peso. Em seguida, foram conservadas até serem transportadas aos laboratórios de solos do INPA-AM, CCA/UFRR-RR, da EMBRAPA-RR e da UFV-MG onde foram procedidas as análises físicas, químicas e mineralógicas.

Mata ciliar

              A mata ciliar apresenta pequena expressão geográfica na área estudada, estando situada em alguns trechos da margem esquerda do rio Cauamé. Nessas áreas, que ficam submersas pela águas do rio Cauamé por alguns meses, encontramos o Neossolo Flúvico Vertissólico e o Neossolo Flúvico Psamítico

Formação pioneira

Nas áreas de relevo abaciado com presença de banhados, lagos e igarapés constatamos as formações pioneiras sobre Gleissolo, caracterizadas pelo extrato graminoso e no período chuvoso ocorre o desenvolvimento acentuado de macrófitas aquáticas. Margeando os banhados podemos registrar a presença de buritis destacando-se entre outras espécies. Essa composição florística dos banhados é válida para outras regiões do estado de Roraima.
Próximo à calha do rio Cauamé originam-se pequenos igarapés. Neles, origina-se uma formação pioneira onde a vegetação difere um pouco da dos banhados, pois, a presença de veredas de buritis é obrigatória e predominante, no entanto, outras espécies como, por exemplo, a buritirana também são encontradas

Savana gramíneo-lenhosa

Esse tipo de fitofisionomia caracteriza-se por apresentar domínio de gramíneas, mas apresenta algumas lenhosas anãs. Esta descrição é feita por Brasil (1975), porém, usando a denominação de savana graminosa (campo). Na área estudada a savana gramíneo-lenhosa apresenta pequena expressão sendo encontrada em Latossolo Amarelo e Argissolo Amarelo nas áreas de relevo plano e relevo abaciado, respectivamente

Savana parque

É o tipo de formação predominante no Campus Cauamé, desenvolvendo-se preferencialmente em relevo plano e suavemente ondulado. Nas áreas onde encontramos manchas de Plintossolo Concrecionário Pétrico, esse tipo de savana chega até às margens do rio Cauamé. Nas áreas de encostas (barrancos), a presença de petroplintita e horizonte Litoplíntico funcionam como proteção contra os processos de erosão.                        
Segundo Brasil (1975), a savana parque apresenta fisionomia campestre com árvores isoladas e/ou grupos de plantas também isolados, espalhados de maneira mais ou menos ordenada (figura 3). Apresenta menor densidade do estrato arbóreo que as savanas arbórea aberta e arbórea densa, tendo o caimbé como a espécie arbórea dominante.